RESUMO Desde a publicação de A feiticeira, de Jules Michelet, o campo de estudos referente ao fenômeno da caça às bruxas ganhou maior evidência entre os pesquisadores e, principalmente, uma profundidade analítica marcada pela diversidade de interpretações, posicionamentos e argumentos teóricos. Em contrapartida, ao tratar do contexto de renovação das pesquisas sobre a feitiçaria no Brasil, destacando, por exemplo, os “estudos sobre gênero e sexualidade [que] também imprimiu sua marca sobre o tema da feitiçaria”, Laura de Mello e Souza referenciou, em 2009, somente pesquisas estrangeiras. Destacou, por exemplo, as análises de Linda C. Hults, publicadas em The Witch as Muse. Este artigo pretende, assim, problematizar a produção historiográfica brasileira acerca da feitiçaria e da religiosidade, destacando as principais vertentes, teorias e metodologias utilizadas pelos historiadores. Busca-se questionar, a partir de algumas críticas tecidas por pesquisadoras do gênero vinculadas ao tema da caça às bruxas, até que ponto a historiografia no Brasil tem se atentado para as relações de gênero como aspecto fundamental para a compreensão desse objeto de estudo.
ABSTRACT Since the publication of Satanism and Witchcraft, by Jules Michelet, the field of English-language studies about the phenomenon of witch-hunting has gained more notice among researchers and an analytical depth marked by a diversity of interpretations, positioning and theoretical arguments that have come to include gender as an analytical tool. In contrast, new research on witchcraft in Brazil has not developed such analytical depth. For example, Laura de Mello e Souza’s study about the relationship between gender and sexuality and witchcraft only references English-language research like Linda C. Huts’ book The Witch as Muse. This article aims to problematize the Brazilian historiography of witchcraft and religion, highlighting the principal trends, theories and methodologies used by historians. Based on some criticisms made by gender historians related to the theme of witch-hunts, the study seeks to question the extent to which Brazilian historiography has attempted to include gender relations as an analytical tool that is fundamental to understanding witch-hunts.
RESUMEN Desde la publicación de La Hechicera, de Jules Michelet, el campo de estudios referentes al fenómeno de la caza de brujas ganó mayor evidencia entre los investigadores, y principalmente, una profundidad analítica marcada por la diversidad de interpretaciones, posicionamientos y argumentos teóricos. En contraste, al tratar del contexto de renovación de las investigaciones sobre la hechicería en Brasil, destacando, por ejemplo, los “estudios sobre género y sexualidad [que] también dejó su marca sobre el tema de la hechicería”, Laura de Mello e Souza refirió, en 2009, solamente trabajos extranjeros. Destacó, por ejemplo, los análisis de Linda C. Hults, publicados en The witch as muse. Este artículo pretende, así, problematizar la producción historiográfica brasileña sobre la hechicería y la religiosidad, destacando las principales vertientes, teorías y metodologías utilizadas por los historiadores. Se busca cuestionar, a partir de algunas críticas tejidas por investigadoras de género vinculadas al tema de la caza de brujas, hasta qué punto la historiografía en Brasil ha intentado que las relaciones de género sean un aspecto fundamental para la comprensión de este objeto de estudio.